A concessão e ampliação de direitos sociais e trabalhistas foi a tônica das lutas operárias e camponesas dos anos que antecederam ao golpe civil-militar de 1964. Tal concessão não foi mero ato de dar algo, mas de conquistar, através da ação, direitos. O sentido de outorga, apropriado pelo trabalhismo, que previa a lealdade de quem recebia [direitos] com aquele que os dava (Gomes: 2005), perpetuou-se durante muito tempo. Entrementes, nos anos de 1960, a postura das lideranças se transformou, no mesmo ritmo das crises políticas e econômicas enfrentadas pelo governo de João Goulart. Neste momento, o foco de atenção das lideranças ultrapassou as questões referentes à ampliação de direitos adquiridos, passando a reivindicar reformas estruturais na sociedade. Nosso propósito é discutir as estratégias de lutas e as alianças dos trabalhadores cearenses do campo e da cidade, organizados no Pacto de Unidade Sindical, frente ao momento de inflexão da sociedade brasileira antes de 1964. Elencaremos o incentivo à sindicalização rural, as greves gerais e as reuniões abertas do Pacto, com expressiva participação popular, como estratégias de luta desses trabalhadores e suas lideranças. Procurando entender também o processo de formação de suas alianças táticas e eleitorais. Para este trabalho, foram manuseados atas sindicais, documentação militar e jornais impressos.