A comunicação tem o objetivo de discutir as relações entre o projeto de construção de uma "cultura cinematográfica" na cidade de Fortaleza expressa na programação e nas atividades do CCF, durante a década de 1960, e a construção do movimento cineclubista brasileiro ocorrido a partir do final da década anterior. A partir das intervenções dos cineclubistas-críticos cinematográficos nos jornais locais, é possível apreender uma dinâmica que relacionava a paixão do cinéfilo pelo cinema e uma associação crescente dos temas das críticas e das atividades do CCF com problemáticas da cultura e da sociedade brasileira. À leitura do filme como artefato de arte e de cultura, ocorre uma ampliação com a inclusão de problemáticas relativas ao cinema brasileiro como temas de interesse e reflexão do grupo reunido no CCF. A abordagem metodológica que se impõe ao historiador que pretende "restaurar" a paixão cinéfila obriga-nos a cotejar fontes e maneiras muito diferentes de fazer história. A fontes sobre o CCF são muito diversas: arquivos pessoas, do próprio CCF, especialmente programas, boletins, publicações e um conjunto de 8 pastas oficiais do Clube entre os anos de 1959 e 1974. Além de entrevistas de história oral com um amplo grupo de ex-membros da entidade, através das quais pretendo me aproximar de "gestos e comportamentos rituais da prática cineclubista, associando a cronologia políticos e intelectuais. Soma-se o cruzamento de "todas essas informações com a história do cinema" e de alguns filmes. (DE BAECQUE, 2010, p. 37).