(ST 11) RESÍDUOS DO VIVIDO: SOBRE A POÉTICA HISTÓRICA DE ÉSQUILO N’OS PERSAS.

TITO BARROS LEAL DE PONTES MEDEIROS

Co-autores: TITO BARROS LEAL
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

ST 11

Resíduos do vivido: sobre a poética histórica de Ésquilo n'Os Persas.

 

Os Persas são um dos sobreviventes mais antigos da obra de Ésquilo (525 ou 524 - 456), a quem a crítica literária e a historiografia helenista atribuíram o epíteto "pai da tragédia grega". Da verve do distinto filho de Elêusis nasceram cerca de 90 peças, das quais 7 venceram o tempo na completitude original. A cronologia tradicionalmente aceita para o teatro esquilino coloca Os Persas como segunda obra mais antiga do autor, entretanto, fragmento de papiro encontrado em 1952 levantou a possibilidade de esta peça ser, na verdade, o primeiro dos trabalhos encenados pelo tragediógrafo. Afora a curiosidade subjacente à primazia temporal, ou não, do texto em relação aos demais escritos de Ésquilo, levaremos o ano de 472 como marco berço da texto-fonte desta reflexão. Refletindo sobre suas próprias experiências, Ésquilo narra um evento histórico recente, a Batalha de Salamina (480), do qual ele próprio foi testemunha ocular, atuando em combate contra os invasores da hélade. Tal característica, per si, parece afastar a obra do modelo trágico, normalmente voltado para temas colhidos na mitologia. Contudo, a hýbris, o problema basilar do universo trágico grego, está posto n'Os Persas. Compreender o sentido da hýbris na psicologia social grega e da peça enquanto fonte; discutir sua dimensão no quadro cultural da época, seu valor político, artístico e educacional; perceber as relações do autor com a história narrada; e, por fim, analisar a forma como a própria história se transmuta em estória, ganhando dimensão mais universal, mas sem perder seu caráter definido e localizado de história, são as preocupações que motivam este estudo. Para tanto, precisamos contextualizar autor e obra e confrontar nossa fonte com outras que tratem sobre a dita batalha, além de construir costuras entre nossa interpretação e a leitura da historiografia consagrada sobre o período das Guerras Médicas. Eis os objetivos e o método aqui utilizados. Quanto à conclusão, esta se dará em tempo certo, supomos.