Por uma Fortaleza dos pobres: o processo de empobrecimento e formação da vadiagem nas primeiras décadas do século XX (1900-1930)
Amanda Guimarães da Silva1
GT 13 - História e Cidade: Dimensões simbólicas e materiais do espaço urbano.
Uma considerável parte da historiografia cearense revisita a cidade de Fortaleza do início do século XX olhando-a sob o signo da modernidade, suas regenerações sócio espaciais, seu embelezamento arquitetônico e o refinamento dos modos e costumes dos sujeitos moradores da capital. No entanto, ainda encontramos lacunas quanto ao outro lado dessa Belle Époque, a qual seria o processo de empobrecimento na capital, experimentado por uma significativa parcela de sujeitos que não se enquadravam em tais categorias normatizadoras, sujeitos estes considerados pelo poder público como vadios os quais, segundo uma elite intelectual do período, possuíam tendência inquestionável para criminalidade e a vagabundagem. O objetivo central dessa pesquisa é compreender como os sujeitos marginalizados reinventavam o espaço da cidade, buscando sobretudo as transgressões e as resistências a essa disciplinarização institucionalizada. A partir do entendimento de quem eram esses pobres urbanos, pretendemos perceber aqui os usos dos espaços da cidade, suas fronteiras simbólicas e como estes sujeitos resistiam ao processo de aburguesamento da capital. Para a realização de tal intento, faremos uso de fontes policiais, em destaque para os Processos Crimes, Rol de Culpados e Livros de Queixas, onde também dialogaremos com fontes hemerográficas, em especial os Jornais "O nordeste" e "Correio do Ceará"; obras literárias do período de autoria de Raimundo Girão e Rodolfo Teófilo, além de mapas que nos permitam espacializar os subúrbios e arrabaldes da capital. A metodologia utilizada aqui pretende lançar luz quanto às relações cotidianas experimentadas no espaço da cidade, onde por meio do estudo dos documentos policiais pretendemos perceber, através de uma lente do micro para o macro, como os sujeitos da cidade experimentavam o fenômeno da criminalidade e qual era a dinâmica existente entre o aparato policial e os indivíduos citadinos comuns. A presente pesquisa encontra-se em fase inicial, uma vez que ainda estamos em análise de fontes e com leituras basilares.
1Graduanda do curso de História da Universidade Federal do Ceará. Aluna do 5º semestre e bolsista pesquisadora do Programa de Educação Tutorial - PET História UFC.