Decorrente de pesquisa em andamento no curso de doutorado em História da Universidade Federal Fluminense - UFF, amparada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - FAPERJ, este trabalho tem como foco explorar as produções de José de Alencar e suas relações com a realidade histórica do período. Notório por seus textos literários, Alencar foi também deputado e ministro no Império de D. Pedro II, além de jornalista e teórico político. Representante do partido Conservador, muitas de suas posições sobre temas de grande relevância para a historiografia do séc. XIX foram tidas como a tradução de uma matriz política específica ligada aos setores mais reacionários dentro da sociedade brasileira. Foi o caso de seus pronunciamentos acerca da questão da escravidão e da abolição do trabalho cativo, em que não apenas manifestou ideias ao púlpito, mas empreendeu explicaões pretensamente científica sobre o tema. Além da esfera institucional e da teoria política, em que levantava a voz para asseverar sobre a importância desse sistema econômico para o crescimento do país, Alencar também desenvolvia textos como O Tronco do Ipê, em que as relações sociais decorrentes da escravidão ganhariam a retórica dos sentimentos e da arte. Reconhecendo a riqueza dessa multiplicidade de vestígios, convém ao historiador questões como o lugar social dessas ideias e o grau de correspondência entre o sujeito histórico como literato e político: haveria coerência entre tantas facetas de Alencar? Sua escrita e sua fala sobre a escravidão, a propriedade, o sistema representativo, entre outros temas, dependem de determinadas filiações? Nesta comunicação pretendo trazer algumas das conclusões iniciais do estudo em desenvolvimento.