ST 16 - EXPERIÊNCIA, RELAÇÕES DE PODER, PRÁTICAS DE TRABALHO E CONFLITOS SOCIAIS COMO FORMA DE RESISTÊNCIA DOS TRABALHADORES.
Por Uma História dos Operários no Primeiro Distrito Industrial do Ceará - Maracanaú (1979-1991).
Esse projeto de história estuda a classe operária no contexto de industrialização do Ceará a partir de 1964, com o governo Virgílio Távora. O recorte inicial é 1979 quando o Ceará recebeu um grande incentivo do governo federal e estabeleceu um convênio para impulsionar a criação e consolidação do III Polo de Desenvolvimento do Nordeste. Nesse cenário, o Distrito Industrial de Maracanaú, antes chamado de Distrito Industrial de Fortaleza (DIF), experimentou uma "explosão" industrial e demográfica, a população até 1980 era cerca de 37.000, na implantação dos conjuntos habitacionais a previsão era aumentar para 200.000 habitantes, chegando realmente a 157.151 h em 1991, segundo o IBGE. O recorte final é o de 1991, quando se encerra o governo do primeiro industrial, o empresário Tasso. Nesse contexto, o objetivo é compreender as experiências individuais-coletivas de migração e adaptação à cidade industrial (migrações, qualidade de vida dos operários, relações e condições de trabalho na fábrica, renda, movimentos operários, greves etc.) e os efeitos desse novo projeto na vida dos trabalhadores da fábrica.
Vários são os caminhos para a realização dessa pesquisa e múltiplos são fontes disponíveis. Há bastante documentação ainda não totalmente consultada no Arquivo Público do Ceará sobre a implantação do distrito Industrial de Maracanaú, com a situação das empresas, número de fábricas, data de fundação e número de empregados. Documentos ainda sobre o processo de desapropriação de terras para a construção dos distritos industriais, convênios entre empresas e estado, plantas, imagens, sistema de infra-estrutura do distrito e uma coletânea de publicações na imprensa acerca da implantação do DIF, englobando assuntos relativos aos operários: moradia e empregos. Existem também os documentos das organizações dos operários, os sindicatos, constituídos por acervos documentais, desde arquivos administrativo-jurídicos a acervos mais amplos com folders, panfletos, cartilhas, jornais, revistas, fotos, registro de eventos etc. Outra possibilidade é realizar entrevistas, história oral, com os operários, tanto do movimento operário como da classe. Temos os planos de governo voltados para a industrialização, onde é possível investigar o lugar dos trabalhadores no projeto industrial. Contamos, também, com os arquivos do Memorial da Justiça do Trabalho do Ceará, de 1939 e 1995, para analisar as reivindicações operárias, trabalhistas. E ainda, os dados estatísticos, observar os índices econômicos e sociais, principalmente os que dizem respeito ao operário (emprego e renda), através dos anuários do Ceará, o Cadastro Industrial do Ceará e outras fontes.