"Brasil de ontem, hoje e amanhã" : o discurso ufanista e legitimador do programa Amaral Neto, o Repórter em prol da Ditadura Civil-Militar de 1964.
ST 20 -HISTÓRIA E MEIOS DE COMUNICAÇÃO: FONTES, PROBLEMAS E ABORDAGENS.
Carolina Maria Abreu Maciel[1]
Palavras chave: Regimes de tempo, Governo Militar, Amaral Neto, O Repórter.
Quando pensamos sobre as funcionalidades que a mídia vem tomando ao longo de sua existência percebemos que esta exerce um papel importante na construção de opiniões e visões de mundo no meio social. Na história do Brasil, as investidas da grande imprensa contra governos democraticamente eleitos, no caso desta pesquisa o governo de João Goulart, foram se configurando como estratégias de sobrevivência de si e de grupos sociais que se mantinham no posto de comando do país. Deste modo, propomos neste trabalho analisar como a TV Globo, veículo de comunicação de massa, através do programa Amaral Neto, O Repórter (1968-1983), se utilizou da negativação do passado e exaltação dos feitos do presente, em prol de um futuro grandioso para o Brasil, que se estava a sendo concretizado ao longo dos governos militares. A proposta é identificar no discurso construído pelo programa, mais especificamente na edição, em formato de documentário, que foi exibida em 1975, tendo como título Brasil ontem, hoje, amanhã. Neste episódio, a proposta era dar ao telespectador uma visão legitimadora para a intervenção e permanência das forças armadas no comando do Brasil. Pois que o ontem/ passado, tempo do caos e da indisciplina não poderia dar ao país os frutos do crescimento e desenvolvimento que o hoje/ presente demonstrava, através de tabelas e gráficos elogiosos, estar garantindo para o amanhã/ futuro da nação. Nos utilizamos dos estudos de François Hartog, em sua obra Regimes de historicidade: presentismo e experiência no tempo, como instrumento para refletirmos sobre os regimes de tempo que vão ser utilizados na produção do discurso televisivo, que buscou atender tanto aos anseios do governo golpista, que impunha a instalação da ordem e o extermínio dos movimentos de resistência, tanto garantia o monopólio da mídia brasileira a TV Globo, esta que passou a ser porta-voz do Estado autoritário.
[1] Discente do Mestrado Acadêmico em História- MAHIS da Universidade Estadual do Ceará. Agência Financiadora: Capes.