Introdução: Vivemos uma busca constante pela melhoria do trabalho escolar e do desempenho de estudantes no processo de aprendizagem. Porém, o que é necessário para ser um(a) bom(a) aprendiz ao longo da escolarização? Essa indagação nos levou a discussões em torno do que é necessário para ser um(a) bom(a) aluno(a), no âmbito de dois eixos de pesquisa em educação física escolar - relações com os saberes e processos formativos colaborativos - vinculados ao grupo "saberes em ação" da Universidade Federal do Ceará. Encontramos um caminho investigativo a partir do referencial de Bernard Charlot, que afirma que o ser humano ao nascer é obrigado a "aprender para ser"; para Charlot, essa é a essência fundante da humanidade que deveria ser considerada por qualquer teoria da educação. Objetivo: Nesta pesquisa, o nosso objetivo é analisar como os(as) alunos(as), considerados pelos(as) professores(as) como os(as) "melhores alunos(as)", percebem certas características emancipatórias em si mesmos(as). Metodologia: Tratamos especificamente da perspectiva de uma estudante da rede pública estadual de ensino médio, em Fortaleza. Por meio de uma estratégia metodológica narrativa de pesquisa qualitativa, com uso de entrevista semiestruturada, chegamos a quatro características que seriam comuns a bons(as) alunos(as), na perspectiva de professores(as) de educação física: i) autonomia; ii) autodisciplina; iii) curiosidade e reflexão; iv) autoria no conhecimento. Resultados e Conclusões: A autonomia, para Paulo Freire, vai se construindo na experiência de várias, inúmeras decisões, que vão sendo tomadas; assim, a autonomia seria uma experimentação de liberdade. A estudante, por sua vez, associa o significado de autonomia a ser independente. Ela afirma ter autonomia, mas não em sua totalidade. Já a disciplina, para Freire, é indispensável enquanto suporte à ideia de construção e manutenção da democracia no ato de ensinar e aprender, no cotidiano da escola, no respeito e no trato da coisa pública, na própria denúncia da desumanidade instalada no humano e no engajamento em ações coletivas. A aluna entrevistada afirma ter autodisciplina, que "é a pessoa corrigir a si mesmo, saber o que é certo, se disciplinar, sem precisar de outras pessoas." Já a curiosidade e a reflexão são necessárias como abertura para novos conhecimentos; é uma ação-reflexão que se opõe à alienação na aprendizagem. Considerações finais: Diante dessas reflexões da aluna, como sujeito da própria aprendizagem, consideramos que a autonomia, a autodisciplina, a curiosidade e a reflexão são convergentes e direcionam-se à autoria no conhecimento.