O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica causada pela ausência de secreção e/ou ação da insulina que afeta 246 milhões de pessoas no mundo. O DM gera complicações graves, sendo a neuropatia diabética (ND) uma das mais severas e comuns, atingindo 45 - 50% dos pacientes diabéticos. O presente estudo tem o objetivo de verificar possíveis alterações sensoriais periféricas de ratos diabéticos induzidos por estreptozotocina (STZ) pelo emprego do filamento flexível de Von Frey. Foram usados ratos Wistar albino fêmeas (150 - 180 g), divididos em 2 grupos: controle (RC) e diabéticos induzidos por STZ (RSTZ). O DM foi induzido por uma injeção única de STZ (65 mg/Kg, i.p., dissolvido em tampão citrato 10mM, pH 4,5) e o grupo RC recebeu apenas tampão citrato. Os animais foram considerados diabéticos quando apresentavam glicemia superior a 150 mg/dL. Todos os protocolos experimentais foram aprovados pelo CEUA/UECE com o seguinte número de protocolo: 04464068-4. O teste de sensibilidade mecânica foi avaliado através da técnica dos filamentos flexíveis de Von Frey (0,1 a 65 g). Os animais foram alocados em caixas de acrílico apoiados num piso de malha de metal e aclimatados por 30 min. Após a aclimatação, filamentos de escalas diferentes (g) foram manualmente aplicados perpendiculares à superfície plantar da pata traseira direita com uma força crescente de 0,1 a 20 g até o filamento dobrar. Considerou-se como resposta positiva a retirada da pata do contato com o filamento ou comportamento de sacudir ou lamber a pata no momento ou imediatamente após a estimulação durante 8s de espera. Foram realizadas 10 medidas, com um intervalo de aproximadamente 30 segundos entre cada uma. Os dados foram expressos como média + EPM e analisados usando teste t de Student, considerado significativo p<0,05. O grupo RSTZ apresentou menor ganho de massa corpórea e hiperglicemia (167,07 + 4,40 g e 454,59 + 31,62 mg/dL, p<0,05) em relação ao grupo RC (191,76 + 3,59 g e 99,87 + 5,72 mg/dL, p<0,05). A sensibilidade mecânica mostrou discreto aumento no grupo diabético (15 + 2,23; 40 + 8,5; 60 + 5,7 %) em comparação ao controle (5 + 3,41; 25 + 3,4; 45 + 8,4 %) na 4ª semana (0,1; 0,4 e 1,2 g, respectivamente), entretanto essa diferença não foi significativa. O aumento da rigidez dos filamentos (3,6 a 20 g) não causou alterações sensoriais nos animais diabéticos. Esse resultado pode ser ocasionado pela sensibilização dos animais aos estímulos anteriores ou pelo não desenvolvimento das alterações sensoriais características do DM no período utilizado pelo estudo. Pode-se concluir que os animais diabéticos apresentaram uma tendência a uma alodinia mecânica, que pode ser indicativo da instalação do quadro de neuropatia diabética periférica.