Palestra sobre felicidade e desafios emocionais marca volta às aulas para alunos de Tauá

2 de junho de 2020 - 20:29

A professora Ana Ignez, coordenadora Psicopedagógica do Mediotec/Pronatec/Funece, questionou os estudantes sobre o que é felicidade para eles, destacando que o conceito não é o mesmo para todos

“Haverá um dia em que você não haverá de ser feliz. Sentirá o ar sem se mexer, sem desejar como antes sempre quis. Você vai rir, sem perceber. Felicidade é só questão de ser”. Foi citando os versos  da música “Felicidade”, do cantor Marcelo Jeneci, que a professora Ana Ignez Belém, coordenadora Psicopedagógica do Mediotec/Pronatec/Funece, convidou os alunos das turmas dos cursos técnicos de Enfermagem e Gerência de Saúde do município de Tauá a refletirem sobre esse sentimento e sobre os desafios para alcançá-lo em tempos de pandemia do novo coronavírus, causador da Covid-19. A reflexão ocorreu na noite dessa segunda-feira (1º), durante a palestra “Ser feliz é tudo o que se quer: desafios emocionais em tempos de pandemia”, ministrada pela professora por meio da plataforma Google Meet.

A palestra marcou a retomada das aulas dos dois cursos, que estavam suspensas devido à pandemia, e teve o objetivo de ajudar os estudantes a manterem uma postura positiva diante do distanciamento social necessário para evitar a disseminação da Covid-19, bem como de auxiliá-los no processo de adaptação das atividades acadêmicas, com a troca da sala de aula física pelo ambiente virtual de estudo. “Nós não temos o controle de tudo na nossa vida. Na verdade, controlamos muito pouco. A pandemia da Covid-19 chegou e nós não temos controle sobre isso, mas podemos tentar fazer o nosso melhor para enfrentarmos de forma mais otimista essa situação e as mudanças por ela trazidas. Precisamos refletir sobre os desafios e sobre a forma como vamos enfrentá-los. As aulas virtuais, por exemplo, podem ser um desafio para alguns. A gente sabe que é maravilhoso estarmos juntos nas aulas presenciais, mas, ao mesmo tempo, devemos ser gratos à humanidade pelo muito que já foi desenvolvido na área da tecnologia, permitindo que, agora, nós possamos reunir em um ambiente virtual pessoas que estão em diferentes espaços físicos. Devemos identificar o desafio e pensar sobre como vamos vivenciar isso. É importante questionar-se: ‘O que eu posso fazer de diferente, para melhorar lidar com essa realidade que se apresenta, sem fugir dela?’”, disse a professora.

Durante a palestra, os estudantes foram questionados sobre as maiores dificuldades enfrentadas ao longo do período de distanciamento social e sobre o conceito que possuem a respeito da felicidade. Esse exercício contribuiu para que os alunos olhassem para si de uma forma mais consciente, o que é fundamental para que eles aprendam a se observar e a identificar as emoções e os sentimentos mais presentes e, assim, lidem de modo mais positivo com essas questões.

“Ser feliz é tudo que se quer. Sim, pois a gente quer bem-estar, que se relacionar bem com os outros, com a gente e com a família, e isso é uma construção, não cai do céu. É algo que eu vou alimentando no dia a dia. Mas como? Primeiro, tomando consciência de quem eu sou, das emoções que estou sentindo, das minhas ações no mundo, do modo como estou me relacionando comigo e com os outros, do cuidado que estou tendo comigo e com os outros, de como estou olhando para os meus objetivos e sonhos. Essa é uma felicidade que a gente constrói aqui, hoje. Quando me alimento, converso, vejo a chuva, danço ou estudo, por exemplo, tudo isso pode ser vivido como momentos de felicidade”, refletiu a professora Ana Ignez, após questionar os estudantes e ouvir a opinião deles sobre a definição de felicidade.

Dificuldades fazem parte

A coordenadora destacou, contudo, que é necessário se afastar da ideia de felicidade que a sociedade atual, muitas vezes, insiste em impor às pessoas, impactando principalmente os mais jovens. “Felicidade não depende de ter determinado objeto, de aparecer nas redes sociais de tal jeito ou de fazer a mesa viagem que aquela pessoa fez. Felicidade não é sustentar um sorriso 24 horas por dia. Felicidade é uma construção diária e inclui, inclusive, aqueles dias nos quais as coisas não saem tão bem”, afirmou, destacando que frustrações, saudade e outros sentimentos que trazem desconforto fazem parte da vida. Assim, senti-los não é um problema.

“O problema é achar que coisas como perdas e frustrações só acontecem com a gente, é agir como a criança que, em determinada faixa etária, acha que tudo gira em torno dela. É necessário aprender a relativizar as coisas, inclusive as dificuldades e os desafios. Saber que eles não são só meus, são para todo mundo. Ter consciência de que o fato de uma coisa não ter dado certo na minha vida não significa que a minha felicidade está destruída por causa disso. A vida não pode ser só alegria. No entanto, nós podemos regular as emoções negativas para que elas não nos dominem. A felicidade é algo que devemos buscar no nosso dia a dia com as coisas concretas que temos, enfrentando os desafios. A felicidade a gente constrói agora”, finalizou a professora.