Ciência que contribuiu para elucidar o cosmos e as estrelas está cega sobre si mesma

23 de novembro de 2012 - 18:21

 

 

Professor do Programa de Pós-Graduação em Administração na Faculdade de Engenharia Industrial, Jacques Demajorovic foi o segundo conferencista da mesa-redonda “Informação e Tecnologia para a Sustentabilidade: os desafios da universidade”, tema da XVII Semana Universitária da UECE, realizada quarta-feira, dia 21, no Auditório Central, no Campus do Itaperi.

 

Demajorovic iniciou sua palestra ressaltando que as universidades contribuem com a produção de uma ciência que pavimentou o caminho da insustentabilidade e têm, portanto, grande responsabilidade como “co-produtores dos riscos socioambientais contemporâneos”. As pedras do caminho foram colocadas com base na equação equivocada de que crescimento econômico traz desenvolvimento.

 

Premissa, segundo o professor, que levou à racionalização do desenvolvimento técnico científico, ou seja, o domínio da natureza e desenvolvimento das forças produtivas sem precedentes, a fusão da tecnologia, da pesquisa e da ciência em torno de um único objetivo: o aumento da produtividade. O que não se previu foi a crise socioambiental pela qual o mundo está passando.

 

Rementendo-se à Epistemologia da Complexidade, Demajorovic citou o educador francês Edgar Morin, considerado o fundador da ciência da complexidade: “Ciência e tecnologia ao deixarem de questionar seus fundamentos converteram-se em uma máquina cega originando um paradoxo: a mesma ciência que tanto contribuiu para elucidar o cosmos, as estrelas e bactérias, está completamente cega sobre si mesma e sobre seus poderes e, assim, já não sabemos onde ela nos conduz”.

 

O professor paulista, em seguida, falou de sua experiência na implantação, em 2005, de Bacharelado em Administração com linha de formação específica em gestão ambiental, no Senac. “O curso foi concebido com todas as disciplinas tradicionais sempre em diálogo com a sustentabilidade”, disse.

 

Tendo a sustentabilidade não como uma curiosidade técnica, mas sim como base dos processos de gestão, o Curso também tinha como outras premissas práticas e avaliação interdisciplinares e ênfase na abordagem por problemas e trabalhos de campo. Esta foi a sustentação que permitiu o diálogo constante e permanente da Teoria Geral da Administração (TGA), disciplina ministrada no primeiro semestre do curso, juntamente com Biologia, Química, Geografia, com a sustentabilidade.

 

Depois de compartilhar sua experiência à frente do curso pioneiro do Senac, o professor falou da gestão ambiental nos campi, o que, segundo ele, é o que vêm fazendo as grandes universidades ao redor do mundo, visto que as instituições de ensino superior são direta ou indiretamente grandes geradores de impactos socioambientais, devido ao alto consumo de água, de energia.

 

Encerrando o professor Demajorovic disse que hoje ele é muito mais apaixonado pela questão da sustentabilidade do que quando começou, nos anos 80, assim como são também maiores os desafios. É ainda uma questão que mobiliza apenas minorias. “Até na Dinamarca é assim”, diz, referindo-se ao país que ele considera na vanguarda do enfrentamento da questão da sustentabilidade.

 

Da esquerda para direitas, or professores Alfredo Barros, vice-reitor Hildebrando Soares, reitor Jackson Sampaio, chefe de Gabinete Belisa Veloso, Célia Sampaio, e Jacques Demajorovic.