Patativa do Assaré e Paulo Freire são homenageados com arte em grafite na Uece

22 de fevereiro de 2016 - 15:47

 

Duas grandes personalidades nordestinas que muito contribuíram com a cultura e a educação brasileira foram homenageadas na Universidade Estadual do Ceará (Uece). Patativa do Assaré e Paulo Freire tiveram seus rostos grafitados nos espaços que receberam seus nomes, no Campus Itaperi.

 

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A arte em grafite foi o modo que o Núcleo de Línguas Itaperi, vinculado ao Centro de Humanidades (CH), e a Pró-Reitoria de Extensão (Proex) escolheram para evidenciar e prestigiar, respectivamente, Patativa e Paulo Freire.

 

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O grafite é de autoria do artista cearense, de 30 anos, Wesley Rocha, ilustrador e grafiteiro, que há mais de uma década construiu seu ateliê na grande São Paulo. “Descobri o grafite através do meu pai. Ele trabalha com pinturas imobiliárias e também com pistola e compressor. Sempre gostei de desenhos e ilustrações”, conta o artista. Wesley começou a realizar trabalhos aos 16 anos, em Fortaleza, mas somente quando foi para São Paulo, em 2005, transformou sua arte em profissão.

O primeiro espaço na Uece que recebeu o grafite era antes chamado de Elefante Branco. Em março de 2015, durante as comemorações dos 40 anos de fundação da Universidade, recebeu o nome de Patativa do Assaré, onde foi fixada a placa com o nome do homenageado, porém, parecia que algo faltava.

 

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“A placa não era suficiente para prender na mente das pessoas o novo nome. Sentíamos a necessidade de algo mais. Neste ano, com o apoio do CH e dos Laboratórios Mistos de Pesquisa e Extensão, Linguagem, Cultura e Cognição, fizemos essa arte que hoje alegra o ambiente, acolhe a todos e dá vida ao espaço Patativa do Assaré”, desabafa a coordenadora do Núcleo de Línguas Itaperi, Suelene Silva Nascimento.

 

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Para Wesley, “foi uma grande realização fazer meu primeiro trabalho de expressão na minha terra e, principalmente, retratando, pra mim, um dos maiores poetas. Patativa do Assaré, em seus cordéis, nunca se esqueceu de sua origem. Grafitando ele, pensei que, por mais que eu consolide minha vida como artista em São Paulo, sempre serei um nordestino que ama e se identifica com seu povo”.

Antônio Gonçalves da Silva, o nosso Patativa do Assaré, conhecido também como poeta passarinho, foi artista popular, compositor, cantor e improvisador brasileiro. Apesar dos poucos estudos, recebeu de diversas universidades, inclusive da Uece, o título de Doutor Honoris Causa.

“Meus versos é como semente
Que nasce arriba do chão;
Não tenho estudo nem arte,
A minha rima faz parte
Das obras da criação”.

O poeta, que levava nas palavras a dor dos que mais sofriam com uma vida castigada de dificuldades, carregava na mente os seus versos conhecidos pela riqueza cultural e por suas interpretações, afinal, “para ser poeta de vera é preciso ter sofrimento”, como disse Patativa, em seu livro “Ispinho e Fulô”.

Esta terra é desmedida
e devia ser comum,
Devia ser repartida
Um toco pra cada um,
mode morar sossegado.
Eu já tenho imaginado
Que a baixa, o sertão e a serra,
Devia sê coisa nossa;
Quem não trabalha na roça,
Que diabo é que quer com a terra?
(A terra dos posseiros de Deus
Patativa do Assaré)

Não somente o Espaço Cultural Patativa do Assaré, mas também o Espaço de Extensão Paulo Freire, ganhou o colorido popular, carregado de muita cultura e história.

 

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Paulo Reglus Neves Freire, Paulo Freire, patrono da Educação Brasileira, foi educador, pedagogista e filósofo brasileiro. É considerado notável pensador na história da Pedagogia mundial, influenciando o movimento chamado pedagogia crítica. Ele defendia a habilidade de pensar criticamente sobre sua situação educacional.

 

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“Não há nem jamais houve prática educativa em espaço-tempo nenhum de tal maneira neutra, comprometida apenas com idéias preponderantemente abstratas e intocáveis”, descreveu Paulo Freire.

Para a pró-reitora de Extensão, Claudiana Nogueira Alencar, “o pensamento de Paulo Freire tem contribuído decisivamente para as reflexões sobre a extensão universitária. A Proex adota a diretriz freireana que recomenda o reconhecimento dos saberes populares na produção do conhecimento e na interação dialógica entre a Universidade e a sociedade”.

 

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Destacado por seu trabalho na educação popular, Paulo Freire ganhou mais de 40 títulos de Doutor Honoris Causa. Outra grande contribuição do educador foi a conscientização política de jovens e adultos operários, afinal, como disse o pedagogista, “a educação de que precisamos há de ser a que liberte pela conscientização. A que comunica e não a que faz comunicados”.

 

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Os grafites de Patativa e Paulo Freire na Uece representam a juventude, além de uma manifestação artística e democrática dentro da Universidade.