Linha de Pesquisa

 

Como sabido, não há um conceito de nação amplamente aceito. Os autores clássicos evitaram conceituar a nação, em que pese o fato de tratar-se de uma entidade sem a qual o mundo moderno não se reconhece. A nação é a principal legitimadora do Estado moderno.
 

Os pesquisadores reunidos no Observatório das Nacionalidades adotam as opções temáticas e os procedimentos metodológicos de suas predileções; manifestam livremente as conclusões de suas pesquisas. A originalidade e a unidade do grupo decorrem de um entendimento da nação como a comunidade-padrão da civilização moderna. Assim, rejeitam a idéia bastante difundida de que a nação resultaria de processos naturais irrecorríveis ou impulsos manifestados desde tempos imemoriais. Não importando qual seja a remessa a sua ancestralidade, a nação emerge no século XIX recoberta de sacralidade e se consolida apenas no século XX, quando as trocas entre estruturas produtivas se intensificam, as noções de direitos e deveres em relação ao Estado são amplamente disseminadas e o desenvolvimento de tecnologias permite a comunicação de massa em escala absolutamente nova.
 

Contrariando a percepção de muitos, esta comunidade-padrão não dá sinais de perda de vitalidade e apresenta as seguintes características, todas elas combinadas:
 

a) Estrutura-se em vista de integrar um sistema global competitivo e crescentemente integrado, nutrindo-se da auto-percepção de seus integrantes e do reconhecimento externo obtido via de regra através de demonstrações de força. Não é, portanto, avessa ao universalismo nem à internacionalidade, mas resultado da intensificação das trocas globais.
 

b) Vincula-se estreitamente à disputa de poder e firma-se como a principal fonte de legitimação do Estado moderno. Assim, é impossível compreender os processos nacionais desvinculados da luta política, em partícula das disputa pela hegemonia.
 

c) Anima-se pela permanente expectativa de mudanças favorecedoras da coesão de seus integrantes, fruto da promessa de proteção a todos e da igualdade de direitos. A perspectiva de reconhecimento e de melhoria de vida é a principal motivação dos integrantes da comunidade nacional.
 

d) Firma-se pela consagração de símbolos capazes de garanti-la como entidade única. Neste sentido, desenvolve profundos laços afetivos na população a despeito de suas dimensões e tensões internas.