Pesquisas da Uece na trilha do hidrogênio verde

6 de outubro de 2022 - 10:15 # # #

A demanda global por energia deve crescer mais de 25% até 2040, conforme projeção da Agência Internacional de Energia (AIE), exigindo a adoção de fontes renováveis a fim de minimizar o agravamento dos problemas ambientais para a sociedade. Nesse sentido, o hidrogênio (H2) tem sido visto como uma peça fundamental para enfrentar as mudanças climáticas e impulsionar a transição energética em um mundo descarbonizado, sobretudo, o hidrogênio obtido por meio de fontes renováveis de energia, o chamado Hidrogênio Verde (H2V). O Ceará sai na frente no desenvolvimento do Hidrogênio Verde, a partir da criação de um hub no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) e do fortalecimento de pesquisas acadêmicas em instituições como a Universidade Estadual do Ceará (Uece), que vem trilhando alternativas para o avanço do Hidrogênio Verde no Estado.

Recentemente, as pesquisas realizadas pela UECE na área de Hidrogênio Verde, desenvolvidas no âmbito dos Laboratórios Associados de Inovação e Sustentabilidade (LAIS) da Universidade, foram premiadas no Fiec Summit 2022, evento realizado pela Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), em agosto deste ano, com o objetivo de reunir ideias voltadas para o setor produtivo, a academia, o poder público e a sociedade civil organizada, com foco no desenvolvimento sustentável do Ceará.

“O segmento do hidrogênio verde vem crescendo no Ceará, que pretende se colocar como um dos maiores produtores de energia limpa no mundo. Assim, a pavimentação da estrada do H2V no Ceará está sendo realizada. Tudo que se estudou, se estuda e se estudará favorece ações que promovem o desenvolvimento técnico-científico, a capacitação qualificada e a inovação na área, a fim de atender às grandes demandas que certamente virão. Nesse contexto, os projetos premiados no Fiec Summit 2022, entre outros em andamento, como o edital de energias renováveis da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) com outras Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) nacionais e estrangeiras, fazem parte de um caminho disruptivo que a ciência e o setor produtivo do Ceará, estão trilhando”, afirma Mona Lisa Moura de Oliveira, professora adjunta do curso de Física, do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) e membro do LAIS.

Pesquisas

Entre os trabalhos reconhecidos no evento, está o projeto “Produção de hidrogênio verde via digestão anaeróbia em reator automatizado”, premiado em segundo lugar na categoria “Projeto de pesquisa”. Conforme a professora, o projeto é genuinamente da Uece, desenvolvido no Laboratório de Conversão Energética e Emissões Atmosféricas (LACEEMA), um dos laboratórios que integram o LAIS/UECE. Os agraciados são todos alunos da UECE, orientados pela professora Mona Lisa. “Esses profissionais/alunos são oriundos de dois programas de pós-graduação da Uece: o Engenheiro Pedro Lima (aluno de doutorado do PPG em Ciências Naturais), o Físico Francisco Lucas (aluno de mestrado do PPG em Ciências Físicas Aplicadas) e a Engenheira Lucinda Amaro (egressa do PPG em Ciências Físicas Aplicadas). O nosso maior prêmio e missão do LAIS/LACEEMA/UECE é ver os alunos desenvolvendo seus próprios projetos, como pesquisadores empreendedores, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento científico e tecnológico do Estado”, explica a professora.

De acordo com a professora, o projeto busca alternativas para a produção de hidrogênio por meio do tratamento de resíduos (como resíduos alimentícios, resíduos agropecuários, alguns resíduos industriais etc.), através de processos anaeróbios (ausência de oxigênio), que geram como subproduto o hidrogênio (H2) ou biohidrogênio.

A professora da UECE também participou como colaboradora do projeto “Sistema híbrido de produção de hidrogênio utilizando células de dessalinização e eletrólise microbiana acopladas à reforma a vapor do glicerol com força solar”, primeiro colocado no evento Fiec Summit 2022, no edital de “Projetos de pesquisa”, coordenado pelo professor André Bueno do Laboratório de Hidrogênio e Máquinas Térmicas (LHMT), do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará (UFC).

“No Fiec Summit, a UECE participou efetivamente na comissão, tendo o professor Lutero Carmo de Lima, do curso de Física do CCT da Universidade, uma das mentes pioneiras a estudar o hidrogênio verde no Ceará, atuando em painéis. Considerando que a descarbonização do planeta é um dos temas mais importantes da atualidade, esse evento, além de ter sido um evento com projeção nacional e internacional, com uma temática de elevada relevância para mundo, está pautado na discussão de implementação do Hub de Hidrogênio Verde no Ceará, sendo de fundamental importância para toda a sociedade. Na visão da academia, foi possível realizar networks, compartilhar experiências, validar objetivos de pesquisas e conhecer boa parte dos atores da cadeia produtiva do hidrogênio verde (H2V)”, afirma a professora Mona Lisa.

 

Sobre o LAIS/UECE

 

O ambiente dos Laboratórios Associados de Inovação e Sustentabilidade foi idealizado em 2018 e vem desenvolvendo diversos trabalhos, em nível nacional e internacional, nas áreas de inovação social, saúde, energias e meio ambiente. “O LAIS é um espaço multidisciplinar e multicentro. O propósito é desenvolver pesquisa aplicada a fim de atender o setor público e/ou privado, sobretudo, a partir de demandas de organizações desses setores, como empresas e indústrias, vislumbrando sempre a inovação e sustentabilidade de produtos, processos e serviços”, reforça Mona Lisa.

O LAIS/UECE está localizado no campus Itaperi, ocupando uma área de mais de 1.000 metros quadrados (m²), com diversas áreas de conhecimento da pesquisa e inovação acadêmica, tais como aproveitamento de recursos naturais, energias alternativas, ciências físicas aplicadas, tecnologia e gestão ambiental, engenharia, gestão inteligente de cidades, saúde, processamento de dados, inteligência computacional, participação na elaboração de diagnósticos socioeconômico e plano de geração de trabalho e renda, avaliação de ciclo de vida, transportes rodoviários e mobilidade urbana, entre outras. Todas as áreas de conhecimento pesquisadas no LAIS têm relevância significativa para o desenvolvimento da região semiárida do Nordeste brasileiro, bem como para sua integração com as demais regiões do país.

O LAIS conta com mais de seis laboratórios associados, além do time da IncubaUece e do Núcleo de Informação Tecnológica (NIT), proporcionando um ambiente de inovação nessas áreas e em áreas correlatas. Atualmente, o LAIS conta com mais de dez doutores, três doutorandos, cinco mestrandos e dez graduandos em diversas áreas de formação: Física, Química, Computação, Engenharia, Administração e Ciências de Materiais.