Primeira defesa social de tese da UECE é realizada na Fafidam

9 de dezembro de 2019 - 10:56

Foi realizada no último dia 04 de dezembro a primeira defesa social de tese da Universidade Estadual do Ceará. A defesa social pressupõe a participação dos sujeitos que colaboraram com a construção da pesquisa na avaliação e validação do conhecimento construído coletivamente. Nesse caso, a banca social é formada por pessoas que representam movimentos sociais, organizações, comunidades e territórios, que avaliam se a pesquisa possui mérito e relevância social, diferente da banca acadêmica, composta pelos professores doutores que avaliam o mérito científico, teórico e metodológico da pesquisa. A defesa acadêmica da tese ocorreu dia 06 de dezembro, no auditório do Propgeo, em Fortaleza.

A tese defendida, intitulada “As firmas tomaram conta de tudo: agronegócio e questão agrária no Baixo Jaguaribe/CE”, é de autoria de Leandro Vieira Cavalcante, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Geografia (Propgeo) da UECE, e foi orientada pelo Prof. Dr. Luiz Cruz Lima. A pesquisa discute as nuances da relação entre a expansão do agronegócio e o acirramento da problemática relacionada ao controle das terras na região pelas grandes corporações produtoras de frutas.

A primeira defesa social da UECE ocorreu na Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam), em Limoeiro do Norte, campus que possui longo histórico de diálogo e parceria com os movimentos sociais e camponesas e camponeses do Baixo Jaguaribe. Compuseram a banca social representantes da comunidade rural do Tomé (Quixeré) e do Acampamento Zé Maria do Tomé (Limoeiro do Norte), bem como do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), da Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte, do Movimento 21 de Abril (M21), da Escola Família Agrícola Jaguaribana Zé Maria do Tomé (EFA Jaguaribana) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), cuja mediação foi realizada pelo professor Luiz Cruz Lima. Além dos presentes na banca examinadora, outros representantes desses territórios/entidades também prestigiaram a defesa pública, além de estudantes e professores da UECE, dos campus da Fafidam e do Itaperi.

Durante a exposição da banca social, Iris Carvalho (MST) assegurou que esse formato de defesa se faz importante porque permite “possibilitar com que a classe trabalhadora tenha acesso ao conhecimento produzido na Universidade”. A mesma ressalta a necessidade de “ocupar o latifúndio do saber”. Já para Thiago Valentim (CPT), “o conhecimento deve estar a serviço das pessoas e deve ser produzido a partir da realidade”. Enquanto Diego Gadelha (Cáritas) indicou que “percebe-se na tese apresentada o potencial político e denunciativo de uma pesquisa comprometida com a luta e a resistência”.

De acordo com o doutorando Leandro Vieira Cavalcante, “tratou-se de um importante passo para aproximar a Universidade das pessoas, das comunidades e dos movimentos sociais, para quem o conhecimento acadêmico deveria estar direcionado, nos fazendo repensar diariamente acerca do importante papel da Universidade na leitura e transformação do mundo em que vivemos, que não deve estar dissociados dos anseios e necessidades dos sujeitos”.

Esse formato de defesa social foi pensado no âmbito das pesquisas realizadas no NATERRA (Grupo de Pesquisa e Articulação Campo, Terra e Território), reconhecido pela UECE e registrado no CNPq, coordenado pelas professoras Camila Dutra dos Santos, do curso de Geografia do Itaperi, e Lucenir Jerônimo Chaves, do curso de Geografia da Fafidam, e do qual o doutorando Leandro Vieira Cavalcante também é membro. Ademais, a defesa social foi registrada em ata e reconhecida pelo colegiado do Programa de Pós-Graduação em Geografia, coordenado pelo Prof. Dr. Frederico de Holanda Bastos.