CUIDADO DOMICILIAR DE ENFERMAGEM À FERIDA CIRÚRGICA DE SEGUNDA INTENÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

CLARISSE GUIMARÃES MATOS

Co-autores: KARLA CAVALCANTE MESQUITA, CAROLINE MEDEIROS BATISTA, AMANDA CABOCLO FLOR e SARAH VIEIRA FIGUEIREDO
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

O cuidado de enfermagem é uma ciência que segue evoluindo e consequentemente ganhando novos ramos. Dentre esses seguimentos podemos citar a estomoterapia, uma vertente da enfermagem que está se destacando devido sua importância comprovada no tratamento de feridas. Segundo Paula (1996) a estomaterapia é uma especialidade da enfermagem, que vem sendo difundida no Brasil. Seu campo de atuação engloba a assistência as feridas em geral.

O cisto pilonidal é uma inflamação crônica dos seios pós-sacrais que afeta a área da pele posterior ao ânus, podendo apresentar ou não fístula. A etiologia ainda é desconhecida, contudo está associado ao crescimento de pelos e observa-se maior frequência na população jovem masculina e branca, na região sacrococcígea Os sintomas são incomodo da região, tumefação, dor e rubor da região (AIRES; BERNADO, 2009).

O tratamento para o cisto pilonidal consiste na retirada cirúrgica, ou na curetagem. No procedimento cirúrgico existem duas formas de cicatrização, por primeira intenção quando o cirurgião, após a retirada, une as paredes cutâneas e ponteia.Já na cicatrização por segunda intenção, o médico deixa as paredes afastadas e a ferida cicatriza de dentro para fora (BALSAMO, 2009).

O pós-operatório, período durante o qual se observa e se assiste a recuperação do paciente é marcada por um processo de recuperação e adaptação do corpo. Logo, o objetivo da enfermagem se faz necessário no alivio da dor do indivíduo, no domínio e reconhecimento de possíveis complicações da cirurgia e nas ações dentro do cuidado de Enfermagem que priorizam a manutenção do equilíbrio orgânico do paciente. Nesse contexto, em relação a cirurgias que levam a uma cicatrização por segunda intenção, as orientações pós-operatórias e o cuidado devem ser maiores, por tratar-se de uma lesão que está aberta e sujeita a maior risco de infecção, além de ser um processo de cicatrização mais demorado. Recomenda-se que a troca dos curativos seja feita por um profissional capacitado, do contrário as instruções devem ser passadas com mais clareza e deve-se certificar de que foram compreendidas (GIÚDICE, SALOTTI, 2011). No caso em questão, foi recomendado a troca de curativo a cada 24 horas, pelo menos, ou a cada banho do paciente.

Tendo em vista a relevância do cuidado domiciliar nesse tipo de cicatrização ressalta-se que os cuidados pós operatório envolvem o estudo dos cuidados de enfermagem como um ferramenta de aprimoramento do atendimento só paciente na medida em que, identificando possíveis complicações na assistência domiciliar é possível tomar atitudes efetivas para diminuir a incidência de infecções ou outras complicações no processo de cicatrização, proporcionando ao mesmo tempo privacidade e conforto ao indivíduo. Portanto, o estudo baseia-se em um relato de experiência de uma estudante de Enfermagem durante o cuidado a um paciente em pós-operatório de retirada de um cisto pilonidal.

 

OBJETIVO

Descrever a experiência da estudante no cuidado domiciliar à lesão cirúrgica.

 

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, da vivência de uma estudante do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará (UECE), no cuidado domiciliar com uma ferida cirúrgica em cicatrização por segunda intenção advinda da retirada de cisto pilonidal localizado na região sacrococcígea. Os cuidados foram realizados na residência do paciente, durante os meses de dezembro de 2017 e janeiro de 2018.

A estudante recebeu orientações de professoras Enfermeiras, que aconselharam acerca do material e cobertura a ser utilizada. O paciente foi acompanhado do pós- operatório imediato até a cicatrização total da lesão, que durou dois meses. Os dados organizados de forma descritiva.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi realizada orientação pós-operatório ainda na unidade hospitalar, enfatizando que o paciente obedecesse a seus limites de dor, recomendando manter decúbito lateral ou dorsal nos primeiros dias. No cuidado domiciliar as trocas de curativo foram realizadas, inicialmente, a cada 24 horas, utilizando pomada de colagenase devido a presença de tecido necrótico em decorrência da cauterização realizada no procedimento cirúrgico. O paciente apresentava leves fáceis de dor durante as trocas.

Após algumas semanas constatou-se a presença de esfacelo, porém não se observava mais tecido cauterizado. Avaliou-se a troca da cobertura utilizada até o momento e optou-se pelo uso de alginato de cálcio por se tratar de uma ferida cavitária, de aproximadamente 2cm de profundidade. Foi realizado também debridamento mecânico com auxilio de gaze e pinça, para auxiliar o processo de cicatrização. É de vital importância frisar que a realização dessas atividades pela acadêmica durante o período da experiência se deve a propriedade que o profissional enfermeiro possui de conhecer procedimentos e assim ter a possibilidade de avaliar adequadamente o processo de cicatrização. Dito isso, a prática levou a um aperfeiçoamento no eixo ensino- serviço e por meio do auxilio foi possível ter resultados positivos para o paciente em cuidados domiciliares.

Foi realizada nova avaliação quanto à cobertura utilizada e o uso do alginato de cálcio foi suspenso, sendo aplicada colagenase, novamente, como primeira cobertura, pois apresentou melhores resultados. Desse momento até a completa cicatrização não ouve mais troca da cobertura primária. Pode se observar redução na quantidade de gaze utilizada preenchimento, e ao fim de dois meses, aproximadamente, ocorreu a completa cicatrização.

 

CONCLUSÃO

Percebe-se que o cuidado domiciliar de Enfermagem à pacientes em pós-operatório com ferida em cicatrização por segunda intenção é essencial para uma recuperação plena do paciente. Logo, conclui-se que o papel do profissional enfermeiro perpassa diversos cenários inclusive a atenção domiciliar. Os cuidados de enfermagem são essenciais para uma melhora clínica do paciente em diversos contextos, inclusive no pós-operatório em que há um processo cicatricial complexo. Portanto, a experiência permitiu uma reflexão critica sobre o papel do enfermeiro no cuidado domiciliar e no cuidado no processo de cicatrização por segunda intenção em pacientes pós operados.