AS COISAS QUE NOS CERCAM: CONFIGURAÇÕES SÓCIO-PATRIMONIAIS DA VILA DE LIMOEIRO (1875-1884)

LUCIANA MEIRE GOMES REGES

Co-autores: LUCIANA MEIRE GOMES REGES
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

A seguinte pesquisa intui através do estudo da Cultura Material, que é entendida por Jean-Marie Pesez como o conjunto de objetos que caracterizam uma sociedade, em conformidade com análises dos inventários post-mortem, bem como com o cruzamento de registro de terras e documento camarários, problematizar as relações econômico-sociais da Vila de Limoeiro, como também o lugar social que os inventariados ocupavam no referido período que marca os anos de 1875 a 1884. Entre os bens presentes no arrolamento dos inventários post-mortem, a exemplo: terras, benfeitorias, ferramentas e animais, dinheiro, dívidas, escravos, moradias, móveis e objetos, configuram enquanto indícios para a compreensão das relações cotidianas desses indivíduos. Essa pesquisa objetiva analisar as configurações sócio-patrimoniais estabelecidas em diálogos com as dimensões espaciais, econômicas e naturais, na Vila de Limoeiro no período entre 1875 a 1884. Uma questão que emergiu por meio das leituras teórico-metodológicas em concordância com interpretação das fontes, foram questionamentos quanto o(s) mundo(s) do trabalho(s) vivenciado por esses indivíduos inseridos num espaço situado no roteiro dos comboios, que seguiam de Aracati até os centros comerciais de Pernambuco. Através do conjunto patrimonial inventariado é possível perceber elementos que constituíam formas distintas de trabalho desde as fazendas de gado sertanejas, espaços compostos por escravos e homens livres até mesmo práticas comerciais que corroboravam para ascensão econômica. Conforme Hebe Mattos, as categorias sociais: escravos, homens livres, coronéis e donas nem sempre identificáveis enquanto "pobreza" ou "riqueza". Além de problematizar as inter-relações estabelecidas entre os pecuaristas e os comerciantes, e importante entender que por meio desse elo funcionava como uma espécie de veículo de inserção de novos hábitos e costumes na Vila de Limoeiro, ou seja, os objetos arrolados nos inventários post-mortem são indícios, reflexos da vida social, econômica, religiosa e moral desses sujeitos.